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Depressão: sintomas cresceram 26% em adolescentes na pandemia, diz estudo
25/05/2023
Já a ansiedade teve aumento próximo de 10% em crianças e adolescentes no primeiro ano da pandemia
A pandemia da COVID-19 provocou um aumento nos sintomas de depressão e ansiedade em crianças e adolescentes em todo o mundo. Segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (1º) na revista Jama Pediatrics, comparado ao período pré-pandêmico, os sintomas de depressão cresceram 26% globalmente nos jovens de até 19 anos. Já a ansiedade teve um aumento próximo de 10% em crianças e adolescentes no primeiro ano da pandemia. Embora o aumento observado tenha sido geral, no recorte de gênero as meninas sofreram mais danos à saúde mental, com 32% mais sintomas de depressão e 12% mais de ansiedade (contra 10% e 4%, respectivamente, em meninos). Em relação à faixa etária, os adolescentes sofreram mais com ansiedade, com cerca de 16% mais de sintomas no período pandêmico, contra uma redução de 2% em crianças de até 12 anos. O estudo contou com pesquisadores canadenses e irlandeses das universidades de Calgary, em Alberta, Universidade de Ottawa e Universidade de Ontário, no Canadá, e Universidade College de Dublin, na Irlanda. Para avaliar as variações de sintomas de depressão e ansiedade na pandemia, os cientistas fizeram uma meta-análise (análise dos dados publicados em estudos anteriores, sem a coleta de novas informações) e revisão sistemática de 53 estudos em 11 países com 40.807 crianças e adolescentes durante a pandemia. Foram incluídos estudos com dados sobre sintomas de ansiedade e depressão, antes e durante a pandemia, em crianças e adolescentes de até 19 anos e que apresentavam dados sociodemográficos como sexo, idade, etnia e renda. Os países incluídos na análise foram: Alemanha, Austrália, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, Itália, Israel, Holanda, Reino Unido e Suíça. A idade média encontrada foi de 13,5 anos para os estudos que avaliavam depressão e 12,6 para aqueles com informações sobre ansiedade, e as mulheres eram maioria nos estudos de depressão e ansiedade (54% e 52%, respectivamente). Os resultados principais observados foram de uma evidência boa a elevada de aumento dos sintomas de depressão durante a pandemia nas crianças e adolescentes, enquanto a evidência para o aumento de sintomas de ansiedade foi moderada.
Diferenças quanto a idade, gênero e país
As diferenças encontradas quanto a idade, gênero e país, no entanto, mostraram que a piora na saúde mental foi heterogênea. Enquanto na região da América do Norte (Canadá e EUA) o aumento de depressão observado nos adolescentes foi de 25%, na Europa esse índice chegou a 35%. Na Ásia, o crescimento foi de cerca de 11%. Os adolescentes sofreram mais com depressão (27%, contra 21% em crianças) e ansiedade (16%, com decréscimo de 2% nas crianças), embora o resultado tenha baixa evidência estatística. Em relação à renda, países de renda média ou elevada tiveram um maior aumento de depressão na população pediátrica, com 35%, contra 18% nos países mais pobres. A ansiedade também variou de 14% a 3% nos países com renda média elevada a baixa, respectivamente. Os autores do estudo afirmam que isso pode ser justificado pelo maior acesso aos questionários eletrônicos utilizados na pesquisa e também pelo maior sentimento de perda das atividades extracurriculares durante o período de quarentena, em relação às crianças de países de renda média mais baixa. Por fim, o estudo observou uma correlação de quando havia um diagnóstico inicial de condição mental, como depressão ou ansiedade, nos jovens, o risco de ter uma piora até os 17 anos na pandemia foi sete vezes maior em comparação aos que não tinham essa predisposição.
Peso da saúde mental é global
Os autores afirmam que o peso global da saúde mental é considerável em qualquer idade, mas nos mais jovens ele é maior, uma vez que pode estar associado a outros efeitos como perda cognitiva, baixo desempenho acadêmico, qualidade de vida, relações interpessoais e saúde física, além de aumentar o risco de desenvolver alguma psicopatia na vida adulta. Embora o estudo tenha algumas limitações, como incluir em sua maioria países que têm o inglês como primeira língua ou com maior acesso aos serviços de saúde e questionários online, foi pioneiro ao incluir um número elevado de crianças e adolescentes, em especial com dados pré e pós-pandemia. A pesquisa, porém, tinha apenas um estudo com dados de crianças e adolescentes não binários, e o peso da saúde mental em populações minorizadas como transgêneros pode ser maior. Por fim, os pesquisadores concluem que o maior efeito nas mulheres e nos adolescentes pode ajudar no processo de criação de políticas públicas concentradas neste grupo minoritário para melhor assistir a crise de saúde mental vivida hoje por crianças e adolescentes em todo o mundo.
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