João Vitor, de 22, dormia com a esposa quando recebeu ligação da irmã para buscá-la em uma festa

O jovem João Vitor da Silva Leite, de 22 anos, que morreu no último domingo (5) em um acidente na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, estava prestes a ser pai e juntava dinheiro para fazer faculdade de Direito. Sua mãe, a autônoma Rizomar Neses da Silva, de 58 anos, diz que está desolada desde a tragédia: “Faz quatro dias que eu não como nada”, lamenta a mãe. João Vitor morreu na hora com o impacto da batida e outras quatro pessoas ficaram feridas, incluindo duas irmãs do rapaz. Após o acidente, registrado por câmeras de segurança, o condutor responsável pela colisão fugiu do local sem prestar socorro. “Já vi muita mãe na porta do Pronto Socorro sofrendo por causa dos seus filhos. Jamais pensei que isso ia acontecer comigo”, desabafou. “Eu quero ver esse homem preso”. Rizomar conta que o filho era sua companhia diária, desde que ele completou 15 anos trabalhava com ela vendendo roupas de porta em porta pelo bairro. “É muito triste, meu filho foi arrancado de mim, não sei nem se vou conseguir voltar a trabalhar”. Orgulhosa, ela diz que o “Golzinho G4”, ano 2013, dela era sempre conduzido pelo rapaz e que em todos os anos em que ele o conduziu jamais bateu o veículo. Ao falar do filho ela se emociona: “Era um menino responsável, carinhoso, me beijava e me abraçava sempre, sonhava em ser advogado e depois delegado”. Com a família prestes a crescer, o rapaz decidiu continuar morando no mesmo terreno que a mãe, no Bairro Jardim Mariana, para ficar perto dela. “Ele disse, ‘não saio de perto da minha mãe nunca’, e fez uma peça para ele, o quarto do bebezinho está a coisa mais linda”. “Tiraram a vida do meu filho, tão jovem, um futuro tão grande pela frente”, lamentou. A irmã mais velha do rapaz ajudou a mãe a criar João Vitor e garantiu: “Ele era um dos homens mais bondosos que eu conheci na minha vida”. O rapaz foi velado em casa, na noite de segunda-feira (6) e, segundo Rizomar, foi casa cheia a noite inteira. “Fizeram homenagem pra ele, foi a coisa mais linda”. O acidente Na madrugada do acidente João Vitor dormia com a esposa quando recebeu o telefonema da irmã, pedindo para buscá-la em uma festa nas proximidades. Ele saiu com o Toyota Corolla que estava comprando da sogra, e disse à esposa que não demoraria em voltar. No trajeto de volta para casa, com as duas irmãs e os dois amigos delas no carro, o acidente aconteceu. “A festa era pertinho aqui de casa, dava pra ter vindo a pé”, disse Rizomar. A irmã teve todas as costelas quebradas. Ela segue internada no Pronto Socorro de Cuiabá, mas fora de perigo. Após a notícia do acidente, a viúva de João Vitor, grávida de 8 meses, segue sem reagir. “Ela só fica deitada, chorando, não come e não bebe. Pra fazer ela comer um pão de manhã é difícil”. Revelação Rizomar teve um sonho e nele ela decidiu criar uma ong para ajudar outras mães que estão na mesma situação que a dela. “Depois que passar esse aperto, porque a dor nunca vai passar, eu vou fazer uma ong com o nome dele pra ajudar as mães que tem filho morto no transito”. A organização levará o nome de João Vitor, e a expectativa é criá-la ali mesmo, onde era o quarto do rapaz. MIDIANEWS