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Inflação chegou ao pico? Após IPCA de maio desacelerar, analistas se dividem sobre próximos passos do Banco Central

09/06/2022

Número principal veio abaixo do esperado, mas composição do índice de inflação ainda é desfavorável, na avaliação dos economistas

O avanço do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de maio, de 0,47% na comparação com abril, foi menor do que o mercado esperava (o consenso Refinitiv apontava para um alta de 0,6%). Foi a primeira taxa mensal abaixo de 1% desde janeiro e a variação mais baixa desde abril de 2021. Agora os analistas estão divididos: de um lado, estão os que acreditam que a inflação chegou a ao pico, enquanto do outro há aqueles que apostam em preços elevados ao longo de 2022. Logo, também não um consenso sobre quais devem ser os próximos passos do Banco Central em relação aos juros. “A inflação agora não só está muito alta, como também muito disseminada”, afirmou o economista Alberto Ramos, em análise para o Goldman Sachs. No acumulado de 12 meses, o IPCA desacelerou de 12,13% para 11,73% em maio. Mas o banco acredita que a inflação deve permanecer acima de 10% até outubro de 2022 e acima de 8% até março de 2023. “O amplo e provavelmente duradouro choque nos preços das commodities e nos custos de logística e de produção devem manter a inflação ao consumidor pressionada para cima no curto prazo”, escreveu Ramos. O IPCA de maio refletiu uma desaceleração nos preços administrados, de 15,04% em abril para 12,10% em maio. “Transportes foi uma surpresa positiva e deve continuar nessa direção, uma vez que o governo provavelmente aprovará a redução de impostos sobre os combustíveis. A substituição da tarifa de energia pela bandeira verde também foi capaz de proporcionar algum alívio e foi a principal contribuição para a desaceleração mensal”, escreveu David Beker, estrategista do Bank of America (BofA). Segundo ele, o desempenho do indicador condiz com a crença do BofA de que a inflação atingiu seu pico. “Esperamos uma desaceleração maior pela frente”, diz a análise de Beker. O Bofa prevê IPCA de 0,43% em junho e de 0,52% em julho. “O resultado positivo dá mais razões para que o Banco Central não vá adiante com a alta de juros e apoia nossa visão de um último ajuste de 50 pontos base em junho, levando a Selic a 13,25%”, conclui o estrategista. A XP revisou levemente para baixo a projeção para junho após o dado do IPCA, de 0,69% para 0,66%. Para o ano, a projeção da casa é inflação de 9,2%. Porém, o núcleo da inflação subiu mais do que no mês anterior, com a inflação de serviços avançando 8,02% em maio ante 6,94% em abril. “Mas não consideramos nesse cenário as medidas do PLP 18/2022, PECs anunciadas pelo governo, além do PLP 1280 que antecipa créditos tributários para distribuidoras de energia elétrica. Somadas, essas medidas podem ter impacto de -2,9 ponto percentual no IPCA de 2022”, escreveu Tatiana Nogueira, economista da XP.

Núcleos da inflação continuam pressionados

A Kínitro Capital observa que, mesmo com a desaceleração, os núcleos da inflação continuam pressionados. “Dentre os preços livres, os de bens industriais seguem preocupando, assim como a aceleração gradual dos serviços, o que mantém os núcleos elevados”, afirma João Savignon, economista da Kínitro. Ele explica que a difusão continua mostrando uma inflação amplamente disseminada entre os bens e serviços pesquisados. Alimentação no domicílio foi um componente que desacelerou, mas os preços industriais seguiram com alta firme (de 1,06%), mantendo sequência de leituras acima do teto dos últimos 10 anos. Por sua vez, a inflação de serviços subiu mais 0,85% em relação ao mês anterior. “Apesar do headline (número principal) abaixo do esperado, ainda enxergamos a composição do índice de forma desfavorável, corroborando a projeção de mais uma elevação de 50 pontos base na Selic na semana que vem”, diz análise da Eleven. Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, o IPCA de maio “corrobora para a leitura de que alguns grupos atingiram em parte certo teto, uma vez que já subiram de maneira relevante – logo não é razoável supor altas ainda maiores na margem”. Este, segundo ele, parece ser o caso do grupo alimentação, que após subir 2,06% no mês anterior, avançou apenas 0,48% em maio. ” Podemos afirmar que o resultado de hoje do IPCA sugere fortemente que o Banco Central deve fazer apenas mais uma alta de 50 pontos base na sua taxa básica, levando esta para 13,25% e parando neste patamar”, escreveu o economista. Gustavo Pessoa, gestor da Legacy Capital, afirma que o IPCA de maio sugere que a política de aperto monetário do Banco Central já começa a surtir efeito. “O Banco Central não precisaria subir mais os juros, mas deve promover uma última alta de 0,25 pp na próxima semana”, disse ele. infomoney

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